Na sua intervenção, em Lisboa, Isabel Camarinha deixou claro que a luta não para com a demissão do primeiro-ministro e com a dissolução da Assembleia da República. “Os problemas não se vão embora com demissões ou dissoluções, os problemas só desaparecerão quando acabar a política que lhe está na origem!” – disse, anunciando uma intervenção de grande assertividade em relação aos desafios que se colocam aos trabalhadores.
A mesma política, que serve à direita e que está na base dos “baixos salários e pensões, na desvalorização das carreiras e profissões, no ataque à contratação coletiva e na promoção da precariedade e dos horários longos e desregulados”.
"Assumimos o compromisso de continuar a luta convergente já no próximo dia 29 de Novembro, dia em que vai ser votado o Orçamento do Estado que, conforme está, é um maná de benefícios fiscais para o grande capital e falta nas soluções aos problemas de quem trabalha e trabalhou
Resolução aprovada:
Alguns extractos da intervenção da Secretária-geral da CGTP-IN:
"É uma política que fragiliza direitos para fomentar o negócio. Enfraquece o SNS e não responde às reivindicações dos trabalhadores do sector para dinamizar o negócio da doença e empurrar trabalhadores que querem ficar no público, para os privados. "
"Enfraquece a Escola Pública, para promover o negócio do colégio privado. Deixa intocados os grandes interesses no setor da habitação, para não dar a resposta pública que os trabalhadores e as populações exigem e assim manter a especulação que dá lucros a poucos, mas nega o direito à habitação a tantos."
"Não há desculpas. Nas grandes empresas, os lucros atingem valores estratosféricos e são milhares de milhões de euros a serem distribuídos em dividendos.
Nas micro, pequenas e médias empresas, os custos totais com o trabalho voltaram a baixar e são menos de 18% dos custos totais. E nestas empresas, aquilo que vai para os salários volta sob a forma de consumo, permite manter e dinamizar a produção e as vendas. É, em última instância, um investimento com retorno."
"Não aceitamos que no sector público seja imposto mais um ano de perda de poder de compra, que se continue a degradar de tal forma os salários e as condições de trabalho que já não é só a vida destes trabalhadores e das suas famílias que estão em causa.
O ataque aos trabalhadores da Administração Pública é hoje um factor que condiciona os direitos colectivos de todos, como se vê na saúde e na educação, mas também em todas e quaisquer áreas do Estado, seja na justiça ou na protecção social, nas forças de segurança, nos militares ou nas autarquias.
É possível, urgente e necessário aumentar salários e pensões. O país não aguenta este nível de desigualdades. Os lucros do grande capital são insustentáveis e os baixos salários que os possibilitam são um constrangimento ao nosso desenvolvimento. Não pode permanecer a situação em que 1 em cada 10 trabalhadores não ganha o suficiente para se situar acima da linha da pobreza, e em que 1 em cada 2 desempregados são pobres."
"É urgente, possível e necessário o reforço do investimento nos serviços públicos, nas funções sociais do Estado e na valorização dos trabalhadores da administração pública, para assegurar melhores serviços às populações, ao SNS, à Escola Pública, na garantia do direito à habitação;
Sim camaradas, é urgente, possível e necessário o aumento dos salários para todos os trabalhadores em, pelo menos, 15%, não inferior a 150€ e a fixação do Salário Mínimo Nacional nos 910€ a 1 de Janeiro de 2024, atingindo os 1000€ durante o ano para repor o poder de compra e melhorar as condições de vida!"
"Aqui estamos a exigir que haja essa mudança de rumo. Aqui estamos para dizer aos trabalhadores que não se deixem iludir pelos cantos de sereia da direita e extrema direita, do PSD, CDS, Chega e IL que, com a sua demagogia e populismo, fingem querer melhorar a vida das pessoas, mas cujos objectivos continuam a ser de favorecimento do grande capital, de manutenção e aumento dos lucros de milhares de milhões de euros das grandes empresas e grupos económicos, de destruição do SNS, da Escola Pública, da Segurança Social, de tentativa de prestação de contas com as conquistas e valores de Abril.
Quando comemoramos os 50 anos do 25 de Abril, exigimos que sejam cumpridos os direitos conquistados com a participação determinante dos trabalhadores e das suas organizações de classe."
"E hoje aqui estamos com a confiança que a história nos dá que é a luta dos trabalhadores e dos povos que transforma, que garante direitos!
Luta solidária dos trabalhadores, num quadro de instabilidade da situação nacional e internacional, que reclama a nossa participação, acção e intervenção. No Médio Oriente, o agravamento da situação e o alastramento da violência, tem conduzido à morte de incontáveis vítimas civis e neste, como em todos os conflitos lutamos pela paz, exigimos que se pare o massacre da população palestiniana em Gaza, exigimos um cessar fogo e uma solução política, que garanta na Palestina o direito do povo palestiniano a um Estado soberano e independente e o cumprimento das resoluções da ONU, pela paz no Médio Oriente.
Luta dos trabalhadores que se vai intensificar!
Nesta grande Manifestação Nacional, assumimos o compromisso de continuar a luta convergente já no próximo dia 29 de Novembro, dia em que vai ser votado o Orçamento do Estado que, conforme está, é um maná de benefícios fiscais para o grande capital e falta nas soluções aos problemas de quem trabalha e trabalhou.
No dia 29 de Novembro, voltaremos a convergir na rua, em frente à Assembleia da República, a exigir uma nova política".
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