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Igualdade de género
As mulheres no associativismo popular (*)

Isaura Reis
Professora, ex-dirigente do SPRC, doutora em Educação, ativista cultural e dos direitos dos cidadãos, ex-Presidente da Beira Serra – Associação de Desenvolvimento Local, ex-dirigente do GIC – Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã, ex-dirigente da Cooperativa Rádio Clube da Covilhã, galardoada com “Mulheres Notáveis da Cova da Beira” (categoria de Cidadania) em 2019/20
Há longas décadas que a cada 8 de Março se evocam as lutas travadas e se celebram os direitos conquistados por mulheres. É assim desde a grande passeata de 26 de Fevereiro de 1909 realizada por cerca de 15 mil mulheres em Nova York, desde que em Agosto de 1910, a alemã Clara Zetkin na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas propôs a criação de uma jornada de manifestações e desde que em 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.
Mas a luta das mulheres continua atual pese embora o conseguido pois a exploração, a alienação e a opressão persistem.
De facto, tem sido árdua a luta pelos direitos laborais, sociais e culturais, ao corpo, à determinação, à dignidade, ao voto e à plena cidadania. Durante séculos as mulheres estiveram confinadas a uma função exclusivamente doméstica, tendo sido na sua condição de proletárias que conquistaram a entrada no espaço público. Sem rendimentos, instrução e capital (fundiário ou imobiliário) não detinham cidadania e direito de voto.
Com o 25 de Abril de 1974, a Constituição de 1976 e a revisão do Código Civil (1977) a desigualdade e a inferioridade legais foram ultrapassadas, porém, pese embora toda a legislação progressista aprovada, o quotidiano das mulheres ainda é marcado por desigualdades. Não que as leis não ajudem, só que não chegam para acabar com gritos de dor, violência, estereótipos e injustiças. É preciso muito mais para criar condições facilitadoras de mudança.
Mas falemos de ASSOCIATIVISMO, tema desta iniciativa. Pois o associativismo é fundamental para uma melhor organização das sociedades democráticas, uma vez que alia liberdade e igualdade.
Em Portugal no século passado o associativismo entre mulheres esteve muito ligado às questões sociais (paz e guerra; assistência à infância, idosos e desprotegidos) e pontualmente às questões gerais da condição feminina. Mas, à medida que a mulher se proletarizou e se instruiu a sua participação na vida social globalmente cresceu, foi criando diferentes nichos de interesse e intervenção, mas também passou a ser cada vez mais abrangente e transversal.
Ora esta evolução acompanha o tempo histórico e assume-se qualitativamente diferente de acordo com a estrutura e organização social, a geografia e a identidade dos povos e dos lugares. De facto, a vida humana, de mulheres e homens, não foge à dinâmica da divisão e organização do trabalho, está sujeita aos mecanismos, visíveis e invisíveis, da reprodução social das desigualdades, incluindo o género, de reconhecimento social e também é arena de poder (exercido e conquistado).
Hoje em Portugal há mais de 4 centenas de associações de mulheres (https://feminista.pt/organizacoes). Podemos dizer que há de tudo. Associações feministas, puras, e muitas e variadas associações cujo objeto é a condição feminina e cuja organização e direção conta com muitas mulheres. Alguns exemplos:
Associação Portuguesa de Mulheres Juristas Pelos Direitos Humanos das Mulheres
AMCDP Associação de Mulheres Cabo Verdianas na Diaspora em Portugal
APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima
Associação Mulher Migrante
MARP - Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas
UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta
MDM - Movimento Democrático de Mulheres