Investigadores em protesto exigem decência na política científica
- Luis Manuel Santos Lobo
- 15 de jul.
- 2 min de leitura

No passado dia 9 de julho, os trabalhadores científicos marcaram forte presença no protesto organizado pela FENPROF, em conjunto com outras 12 organizações do setor da Ciência e do Ensino Superior, intitulado “Encontro DEC(i)ÊNCIA: Em Defesa da Ciência Pública e pelo Fim da Precariedade na Ciência”.
O protesto decorreu à porta das instalações da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE), em Carcavelos, em paralelo com a sessão inaugural do Encontro Ciência 2025, tendo juntado investigadores, docentes, técnicos, gestores de ciência e profissionais com funções próximas de todos os setores da Ciência e do Ensino Superior público e privado, incluindo Laboratórios do Estado e Unidades de Investigação, de todos os pontos do país, de diferentes disciplinas e com diversos percursos laborais e tipos de vínculos (contrato de trabalho por tempo indeterminado ou a termo, contrato de bolsa de investigação ou vínculo pontual), funções e graus académicos (doutorados e não-doutorados).
Enquanto lá dentro se reuniam especialistas num encontro de Ciência promovido pela agência Ciência Viva e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, na rua trabalhadores científicos iam prestando testemunho da enorme precariedade que aflige o setor, muitos com longos percursos, saltando de bolsa em bolsa, de contrato em contrato, criticando a falta de mecanismos de integração na carreira científica, denunciando o subfinanciamento do setor, a falta de democracia nas instituições, e destacando as contribuições da Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento social e económico do país.
No protesto, exigiram-se medidas urgentes para travar o despedimento coletivo em curso com a chegada do final de milhares de contratos ao abrigo do Decreto-Lei n.º 57 (DL57), na redação atual, extenso e grave problema que programas como o FCT-Tenure apenas vieram mitigar mas não resolver. Reivindicou-se também o cumprimento efetivo do novo Estatuto da Carreira de Investigação Científica (ECIC), alertando que este não pode servir apenas para formalizar uma carreira que depois exclui os profissionais, mantendo-os em vínculos precários através do DL57. A exigência da revogação do Estatuto do Bolseiro de Investigação (EBI) e a criação de um sistema que valorize e estabilize os trabalhadores científicos foram igualmente reivindicadas no protesto. Reforçou-se ainda a necessidade de uma discussão urgente com a Secretária de Estado da Ciência, Helena Canhão, que, à entrada para a sessão inaugural na NOVA SBE, cumprimentou os manifestantes e prometeu reunir em breve.
A FENPROF, as restantes organizações participantes e os trabalhadores científicos comprometeram-se em continuar a lutar por menos precariedade, mais financiamento e mais democracia no setor do Ensino Superior e da Ciência.
- Vídeos e fotos da iniciativa aqui
O Departamento do Ensino Superior e Investigação da FENPROF







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